sábado, 26 de dezembro de 2009

Promessas de Ano Novo

Entra ano e sai ano e eu prometo. Prometo postar as cartas que escrevo e que nunca, nunca envio. Prometo começar um programa de vida mais calma, mais saudável, cheia de comidinhas coloridas, nutritivas, balanceadas e livres de todo o mal, sem colesterol, gordura trans e etc. Prometo tb (é batata!) que vou parar de fumar definitivamente. E que serei mais humana, mais bacana, mais honesta e mais tranquila. Eu tento, eu juro que eu tento. Mas aí lá pelo dia 2 de janeiro começam a chegar as contas de luz, água, iptu, matrícula, material escolar, reajuste do condomínio, taxa extra para colocar câmeras até no nosso cú (para ficar registrada a cara do fdp que vai nos roubar o rabo), e a novíssima e aprovada pelos representantes do povo na ALERJ taxa de iluminação pública. E tenho que enfrentar aquela fila maravilhosamente comprida do Banco do Brasil e depois do Itaú e depois do Real, fazendo aquela ginástica com cheques especiais e cartões e com os dez dias sem juros daqui e de lá. E todos esses malabarismos que só os brasileiros fudidos sabem como é que é. Pois aqui pra ser honesto é preciso rebolar muito. Se você é brasileiro e não nasceu em berço de ouro é melhor rezar para ter um parentesco muito próximo com a Gretchen ou com a alguém da gaiola das popuzadas, é um fato: você vai ter que rebolar, rebolar, rebolar. É aí que começa o fim da promessa, vai me subindo um ódio, um ódio dos juros, das multas de atrasos, do preço da carne que subiu mais uma vez e do meu salário que não acompanha. Daí começo a cuspir vespas na mente e começo a odiar todo mundo. Começo a xingar essa gente que ganha dinheiro não se sabe como, essa gente que nada produz, que nada faz, que não dá emprego a ninguém, mas que flutua seus capitais na bolsa de valores fudendo a vida de nós mortais. E daí prum cigarrinho e prum palavrão e pruma vontade danada de correr pra casa e de lá nunca mais sair é um pulo. Daí pra resolver virar ostra e parar de atender o telefone e sonhar com imigrações é nada. É nessa hora que começo a fazer listas mentais de gente que nunca deveria ter nascido, um exemplo : Gilmar Mendes, Bob Jeff, Daniel Dantas, Arthur Virgílio, Gilmar Mendes - já falei?- Paulo Maluff, Kassab, Gilmar Mendes, Sérgio Cabral, Edir macedo, Alckimin...Então, lá pelo dia 10 de janeiro tenho um plano B montado e estruturado: fugir pra Guiana Francesa nadando, pq lá todo mundo ganha em euro e fala francês. Ai, se eu tivesse parado de fumar...

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Fumar ou Não fumar, escolha qual filme você deseja

Fumar ou não fumar? As consequências dessa escolha se desdobram em mil histórias nesses dois filmes. Alain Resnais assina os filmes que podem ser assistidos juntos ou separados e em qualquer ordem. Pierre Arditi e Sabine Azema interpretam múltiplos papéis e dão um show! Fumar e Não fumar garfaram vários Ceasares, de melhor ator, melhor filme, melhor diretor, cenografia....

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Salomé e as mulheres



Eu sou uma mocinha educada, gentil, simpática e comunicativa. Igual a Salomé que estampa esse maço de cigarros. Apesar de fumante e completamente descontente com esse atributo, apesar de escrever isto aqui na tentativa de parar com essa porra (velha história: sorrir mais bonito, correr e trepar mais folgada, guardar uma grana, cuidar da saúde etc etc etc) viro um bicho terrível- do tipo: monstro monstruoso da caverna cavernosa- quando estou no meio da rua e alguma vadia (me desculpem meninas, mas convenhamos homens não fazem essas babaquices) começa a se abanar e tossir só pq viu o meu cigarro e está há uns vinte passos ainda de mim. Daí sou espúria, maldosa e extremamente vingativa, mistura de lobo dos três porquinhos e um sanguinário e cruel serial killer de filme americano, começo a "bufar e soprar até a sua casa derrubar" num ritmo frenético de baforadas, olhos de "eu sou o mal" e como uma pomba gira alucinada sopro todo o DDT do meu american blend na cara da figurinha mal educada. Ok! Isso não é nada bonito, eu sei disso. Mas não me controlo, não me seguro, não caibo em mim. Acho uma sacanagem que no único local permitido fora da minha casa que tenho pra fumar alguma maldita venha grosseiramente importunar minha discreta pulsão de morte.

"A Mulher que fuma", filme de Marcelo Pellegrino e "Em defesa da mulher fumante", texto de Mario Prata

Achei este vídeo no youtube, um curtinha baseado na crônica do maravilhosamente indecente Mario Prata. O filme é vencedor da 11ª Mostra de vídeos da FAAP.

Abaixo um trecho do texto do Mario Prata, extraído do http://www.marioprataonline.com.br, onde além deste tem milhões de textos fantásticos com o humor refinado e safado que só ele sabe ter. O texto chama-se "Em defesa da mulher fumante".

Antes de mais nada, vamos deixar uma coisa bem clara. Não estou aqui a defender o cigarro (de tabaco). Sei de tudo, não precisa mandar cartinha para a redação reclamando. Bem para a saúde não deve fazer. Mais ou menos como respirar o ar de uma cidade como São Paulo durante anos e anos. Como é que os pais têm coragem, hoje em dia, de colocar uma criança para respirar aquilo?

O que eu quero defender são as pessoas que fumam.Nesta campanha contra o tabagismo (liderada pelo país do Bush e só seguida pelo Brasil, em todo o mundo), o fumante virou bandido e ignorante. E o cerco está se fechando cada vez mais sobre nós. Somos caçados como traficantes dos morros. Estamos proibidos de freqüentar os melhores lugares.

Não podemos mais entrar em lugar nenhum (nos Estados Unidos e aqui). Nem em bar de aeroporto podemos mais fumar. Já tem prédio inteiros onde não se pode fumar.

Mas se a gente fuma é porque vendem. Se vendem é porque fabricam. Dinheiro! E eu, que entro com dois reais por dia nesta grande negociata, é que tenho que pagar o pato?

Dizem que somos minoria, minha amiga. Só que todas as minorias têm seus defensores, seus líderes, suas ONGS. Nós não temos. Nós somos burros e pronto. Ninguém vai te defender, menina.

Quando eu acendo um cigarro em algum lugar fora da minha casa, me olham. Me secam! Me olham com uma mistura de ódio e pena. E devem pensar: vai morrer, o babaca.

Mas é para as mulheres que eles olham com mais desdém. Como se estivéssemos no começo do século 20, devem achar que elas não prestam, que não merecem o nosso respeito e, em alguns casos, nem a nossa (deles) amizade.

Por que é que você quem não fuma ou deixou de fumar (e sofre desesperadamente até hoje, esperando morrer mesmo com uma bala perdida), por que você nos trata assim? É da sua conta, como diria meu pai?

Você não fuma, mas bebe. Você não fuma, mas sonega imposto. Você não fuma, mas trai a sua mulher. Você, não fumante, pode tudo. E nós não queremos nada. Queremos só fumar.

Fico vendo filmes americanos antigos. Todos fumam. Todos. Outro dia revi o famoso concerto com o Sinatra e o Tom Jobim. Os dois cantando Garota de Ipanema e fumando ao mesmo tempo. Fumar nem desafina, seu desafinado!

Pior que você, que nunca fumou, são aqueles que pararam. Deviam andar com uma advertência escrita na testa: não fumar pode dar câncer no saco! Tanta gente passando fome no Brasil, tanta gente sem teto, sem terra, tanta gente sem saber escrever e vocês preocupados com os que fumam? Sim, o governo e toda a sociedade estão contra nós. Nos tornamos inimigo público número um. Porra, não é mais fácil parar de fabricar e de vender?

Porque se mata mesmo, se dá câncer mesmo, o governo que deixa a mercadoria solta por aí é responsável por todas as mortes de fumantes. Ou estou louco, viajando?

Você estava lendo a revista calmamente e, de repente, caiu aqui neste desabafo entre uma tragada e outra. Te peço desculpas, minha leitora (fumante ou não). Eu só queria dizer que fumante também cria seus filhos, pagas suas contas, ama, se diverte. E morre da mesma maneira que você, que não fuma.

Só nos deixe viver em paz! O título é em defesa da mulher que fuma, pois acho que ela fica ainda mais encabulada. Tem homens, conheço alguns, que já andam virando mesa de restaurante e dando porrada em pentelho ex-fumante.

Brincando ou não, tenho medo que isto ainda vire uma guerra civil.

Tudo bem, vamos todos parar de fumar, mas vocês aí, vêem se maneram na repressão. A gente é do bem."

Mario Prata, publicado no http://www.marioprataonline.com.br

Idéia Maldita













































Ok! Três e sete da madrugada. Filme de natal medonho passando na tv. E o sono nada de chegar. Daí mais um cigarro, mais outro e outro. E a dor de cabeça filha da puta por fumar american blend , 7mg de alcatrão, 0,7mg de nicotina e outros 7mg de monóxido de carbono mais de 20 vezes por dia. Confesso: depois de pedir demissão e não achar nada que não seja sub-emprego por essas bandas, a coisa deu uma piorada. Talvez 30 quizás 40 por dia. Continha rápida, vamos à ela: 280mg de alcatrão...E por aí vai! Mas a essa altura da vida, fumante há dez anos, parece-me que a idéia maldita foi esta: a de escrever, escrever e escrever compulsivamente até conseguir parar de fumar. E não a de ter começado, aos 18 (pq meu deus?) com essa merda toda. Agora, dentes amarelados, gengiva escura, folêgo zero pra trepar e pra correr e menos 7 paus por dia. O que no mês dá uma grana e no ano todo nem quero pensar. Em dez talvez tivesse já comprado um carro. É isso. Decidi parar, embora não saiba como e, acreditem, embora tenha acabado de me dar conta que estou com outro cigarro aceso nas mãos.